Zine
Ponto de fuga
O que era para ser apenas um escape durante o período de pandemia passou a ser a nova rotina de Felipe. O artista paulistano se reconectou com o seu amor pela arte e voltou a se dedicar às suas obras.
Agora, Felipe se doa 100% à arte. Desde telas, paredes e participações em eventos, ele está cada vez mais espalhando seu trabalho pelo mundo.
Confira o nosso bate-papo completo!
Quando e como começou a sua história com a arte?
A arte me acompanha desde pequeno, mas foi na fase adulta que eu descobri o potencial que a arte tem e decidi escutar esse chamado que há tanto tempo me acompanhava.
Sempre fui uma criança criativa, passava o dia todo desenhando e escrevendo histórias. Quando eu saia para algum lugar, ficava admirando pela janela do carro as artes nas paredes da cidade.
O tempo foi passando e aos poucos fui me distanciando da arte, aquela velha história que a gente vive escutando, que “ser artista não dá dinheiro”. Quando a pandemia começou, ela voltou pra minha vida como um ponto de fuga, me ajudava a manter a mente sã em meio a todas as mudanças bruscas que tivemos que nos adaptar.
Aos poucos, o que era só um “hobby” foi tomando proporções maiores na minha vida. Eu comecei a estudar sobre, peguei minhas primeiras encomendas, comecei a conhecer outros artistas, e quando eu me dei conta estava tão envolvido com a arte que não tinha como voltar atrás.
Quais são suas principais influências artísticas?
Curioso que sou, costumo beber de diversas fontes, mas é fato que alguns artistas possuem uma influência, direta ou indiretamente, em minha trajetória e em meu trabalho.
Seja por sua história, seu posicionamento, seu estilo, ou ainda o trabalho que realizam. Nomes como Igana Grellet, Snooze One, Kaju, Marina Rodrigues e o lendário Leonardo da Vinci fazem parte da minha construção como artista.
Como é o seu processo de criação?
Gosto de buscar referências em todos os cantos. Minhas pastas no Pinterest vão de natureza até a IA. No meio disso tudo, costumo separar algumas coisas que vejo que podem ter potencial juntas: uma cor que vi em tal lugar, mais uma composição de uma fotografia, mais a textura de um determinado elemento.
Faço alguns testes no digital para validar a ideia e, depois que chego em um resultado que me agrada, começo a pôr a mão na massa para trazê-lo à vida. Nessa etapa, a criatividade é quem manda. Já usei as mais diversas materialidades pra conseguir chegar na textura/efeito que eu queria.
Vimos que você trabalha com diversos tipos de arte e em diferentes superfícies. Por qual delas você começou? Como foi o processo?
Meus primeiros estudos começaram no caligraffiti. Como tudo era muito experimental, na época eu usava folhas sulfite para testar composições e treinar os movimentos dos pincéis e canetas.
Com um pouco mais de confiança, comprei minhas primeiras telas para começar a materializar melhor minhas ideias e cheguei até a criar uma arte em cima do shape do meu skate que estava parado aqui em casa.
Em meio aos estudos, acabei me deparando com as linhas da artista Kalina Juzwiak, a Kaju. Lembro que me subiu um arrepio ao me deparar com esse estilo de arte. Achei tão poderoso, tão delicado, de uma simplicidade tão elegante, ao mesmo tempo em que era tão complexo.
Foi uma aventura incrível me aprofundar nesse estilo até descobrir minha própria identidade, que sigo experimentando e construindo até hoje! Mas não me prendo a ela, gosto de pensar na arte como uma ferramenta de conexão, comunicação e transformação, e para isso me permito navegar por todo tipo de estilo e superfícies a fim de conseguir atingir o objetivo que tenho como proposta.
Qual foi o trabalho mais importante para você e por quê? Compartilha uma imagem dele com a gente?
Pode parecer um pouco clichê, mas com certeza foi meu primeiro pedido, feito para um amigo que tinha acabado de se mudar para um novo apartamento com a namorada.
Foi a primeira arte que expus ao mundo, meu primeiro frio na barriga quanto à reação da pessoa ao ver a obra, a primeira faísca da ideia que viver de arte era possível. Acredito que se não fosse ele, talvez nada do que aconteceu na sequência teria realmente acontecido.
Que dica você dá para quem está iniciando agora no mundo artístico?
Trabalhar com arte é tão desafiador quanto qualquer outra profissão, é muito mais do que a maioria das pessoas enxerga. Tem que ter planejamento, dedicação, estudo, networking, coragem para expor um pouco de você a cada obra que cria.
Vão ter muitas portas fechadas até você se provar, mas não seria nada diferente em um “trabalho comum”. Tenha humildade para aprender com quem já vive de arte e faça suas oportunidades acontecerem, não espere elas “chegarem” até você.
Quais são os seus planos para a sua arte?
Ano passado foi um ano de crescimento e experimentações. Em meio aos trabalhos autorais, surgiu a oportunidade de trabalhar com uma grande produtora de eventos no maior festival de cultura pop do mundo. Foi lindo ver minha arte se conectando com tantas pessoas e ganhar destaque mesmo com tantas atrações incríveis que estavam por lá.
Para esse ano, eu tracei dois objetivos principais: aprofundar minha pesquisa artística e desenvolver um trabalho autoral para galerias; junto a grandes empresas, utilizar a arte como ferramenta para potencializar o poder de conexão com o público, comunicação de posicionamento e transformação do meio no qual for inserida.
Gostou do trabalho do Felipe? Confira o seu trabalho em suas redes sociais: @felipemiconi.art.