Zine

30 de outubro, 2024 ARTISTA EM DESTAQUE

Jardim da fantasia

Cleide Saito é uma artista que contagia com sua energia vibrante e suas obras cheias de vida. Com uma trajetória marcada pela fusão de culturas e influências, sua arte se destaca pela espontaneidade, o uso criativo de cores e a profundidade emocional. Nosso time teve a oportunidade de conversar com ela sobre sua história, seus processos criativos e o que ela espera transmitir com suas criações. Bora conferir?

Como você gosta de ser chamada? 

Meu nome é Cleide dos Santos Saito Burdet. “Saito” é o sobrenome que herdei da minha mãe e reflete a essência da minha trajetória artística. Sinto que esse nome carrega uma fusão que representa minha personalidade, tanto como cidadã quanto como artista: uma mulher brasileira, mas com a influência de duas culturas — uma vibrante, calorosa e espontânea; e a outra, serena, disciplinada e reservada. Nessa mistura, acolhendo todos os lados de quem sou, encontro meu equilíbrio criador e me sinto completa.

De onde você é/fala?

Nasci em Guarulhos, SP. Aos 25 anos, movida por amor a mim mesma, decidi aventurar-me em novos horizontes, conhecer novas pessoas e universos diferentes. Por amor a outra pessoa e aos nossos filhos, embarquei em uma nova jornada rumo à Suíça. Assim, minha vida se desenrola entre esses dois países que amo, como um belo entrelaçamento de culturas e experiências que moldam minha história.

Em que momento sua vida começou a cruzar com a arte?

Desde os tempos do jardim de infância! Aquele lugar era um verdadeiro paraíso, repleto de atividades lúdicas e criativas. Apesar das dificuldades da época, na base aérea de Cumbica-GRU, eu era uma criança que via apenas a beleza ao meu redor. Minha professora era uma fonte de inspiração, sempre estimulando nossa imaginação. Cada passeio ao redor da escola de madeira se transformava em um teatro, um filme ou uma pintura viva sob o céu. Penso que esses momentos foram decisivos para que a arte me invadisse.

Que tipos de materiais você costuma usar como suporte para suas criações?

Meus principais suportes são o papel para aquarela com gramatura a partir de 185 g até 300 g, dependendo da obra. Também utilizo painéis de madeira, telas, faixas de plástico ou lona, além de uma variedade de materiais recicláveis, como brinquedos de plástico (especialmente super-heróis), flores artificiais e tecidos, que uso bastante na serigrafia, técnica com a qual trabalhei por muitos anos. Minha arte é um universo onde todo suporte é bem-vindo e valorizado. Reciclar é essencial, e criar, mais ainda!

Você comentou sobre sua trajetória como pesquisadora. Pode falar um pouco mais sobre isso?

Esse termo “pesquisadora” como referência a mim me parece demasiadamente formal. Sim, há pesquisa, mas a intuição ocupa um enorme espaço no meu trabalho. O que venho buscando ao longo dos anos é dar ênfase à expressão, às cores, sentimentos, histórias, ideias e criatividade que estão ocultas em algum ponto profundo de nossa alma. Minha intenção é trazer à tona essas emoções, permitindo que explodam sobre o suporte em forma de arte! Penso que tanto crianças quanto adultos precisam se libertar dos julgamentos para encarar suas lutas internas e externas, manifestando-se com confiança e coragem, sem se preocupar com o imediatismo que tanto nos assola. Meu objetivo é que cada pessoa alcance um estado de confiança interior tão plena que possa “rabiscar” ou “desenhar” algo “simples” como um gato, sem importar o aspecto final. O que importa é que o desenho seja reconhecido por quem o criou, e não pelos outros.

Conta para a gente um pouco mais sobre esse imaginário infantil que é parte da sua inspiração?

Desde que comecei a pintar, o universo infantil me acompanha, e adoro quando alguém comenta: “Parece um desenho infantil, ou de uma criança de 6 anos”. Há anos venho buscando esse estilo mais descontraído, sem pressão para expressar minha linguagem artística. Os traços, formas abstratas, símbolos e cores vibrantes ou rabiscos de uma criança são algo excepcional, porque são puros. A criança coloca no papel o que sente, sem se preocupar com julgamentos, e é exatamente isso que tento capturar em minhas pinturas: cores vibrantes, traços livres, nenhuma rigidez, e a liberdade de me expressar sem limitações. Quero oferecer ao colecionador, clientes e admiradores, a leveza de uma manhã tranquila. Esse é o estado de espírito que desejo transmitir com minha arte.

Seu trabalho é repleto de cores e formas. Como você escolhe o formato e a cor de cada coisa? Ou é um processo muito mais intuitivo?

Sim, é muito mais intuitivo e é o momento em que me conecto com minhas emoções, experiências, memórias e instintos, permitindo que essas forças guiem minha criação. É uma exploração da liberdade onde erros e acasos são bem-vindos, produzindo um trabalho mais lúdico e deixando para trás a rigidez, sempre com a intenção de uma criação artística positiva.

Quando você pensa em arte, qual é a primeira coisa que passa pela sua cabeça?

Explosão de emoções, é isso! Você chora, grita, abraça, cria diálogos intensos e tudo isso se transforma num tumulto emocional dentro e fora de você.

Qual a maior mensagem que você quer compartilhar com o mundo por meio da sua arte?

Que meu pequeno mundo pictórico de sonhos coloridos, narrativas e formas puras possam levar alegria e questionamentos singulares, longe das respostas prontas, cada vez que alguém se deparar com uma de minhas pinturas.

E para continuar acompanhando a artista nas redes, cola no Instagram: instagram.com/cleidesaito/.