Um traço que atravessa o tempo

Entre os muros da cidade e os caminhos do passado, Luiz Martins constrói uma arte que é tanto presente quanto memória. Natural da Zona Leste de São Paulo, ele expressa nas ruas histórias que dialogam com ancestralidade, família e identidade.

Conversamos com o artista para entender o que move seu traço e como ele enxerga o graffiti dentro e fora das ruas, bora conferir?

Luiz, sua arte fala de quê?
Meu trabalho aborda temas como a importância da família, que serve de base e estrutura para a formação de caráter e valores. Também falo sobre ancestralidade, vivências e lembranças da infância de forma lúdica e nostálgica. Além disso, abordo questões ambientais e a relação do homem com a natureza, valorizando o homem do campo, que trata e respeita a terra com o devido valor.

Como é seu processo criativo?
O processo criativo tem como base a pesquisa, leitura e estudos, que levam, por sua vez, à prática do desenho. Essa construção sobre a narrativa gera a obra como produto final de todo esse processo.

Qual a sensação mais marcante que você já teve enquanto grafitava?
Foi a percepção de como a arte exerce impacto visual e estabelece um diálogo direto com as pessoas. A intervenção na cidade se torna parte do cotidiano de quem passa por ali e, muitas vezes, as pessoas nos reconhecem pelo nosso trabalho e identidade visual.

Se você pudesse grafitar em qualquer lugar do mundo, onde seria e por quê?
Gostaria de pintar um trabalho na África, por conta da minha ancestralidade, e também para conhecer a cultura africana, que é muito rica em todos os aspectos.

Se a sua arte tivesse uma trilha sonora, qual seria?
Com certeza seria a música “Um Bom Lugar” do rapper Sabotage.

Existe alguma memória de infância que influencia diretamente seu estilo?
Minha falecida irmã tinha o sonho de cursar desenho publicitário nos anos 80, mas não conseguiu, mesmo sendo muito talentosa, por falta de condições financeiras. Porém, ela me influenciou muito nas artes desde a infância e, em memória dela, sigo nessa jornada.

Tem algum símbolo, cor ou elemento que você sempre inclui nas suas obras?
A característica mais marcante e presente em todos os meus trabalhos, com certeza, é a paleta de cores nos tons terrosos. Eles representam minha ancestralidade, minha miscigenação e a importância do respeito pela terra.

O trabalho de Luiz é um convite para revisitar histórias – pessoais e coletivas. No fluxo das ruas, ele segue deixando sua marca! Para acompanhar o artista, cola no Instagram: instagram.com/g_luizmartins.