A arte nas pequenas coisas da rotina

Uma das características mais marcantes de um artista é o quão poderoso e amplo é o uso de sua óptica; sua capacidade de encontrar arte nas pequenas coisas da rotina. O ato de pausar o modo automático de viver o dia a dia e admirar a beleza nos detalhes já é arte. E isso, Daniel Hirs, que atende como Daskbeça, leva não somente como uma atividade diária — e, sim, como um estilo de vida.

Foi justamente sendo fiel a isso que ele criou em seu próprio Instagram um quadro semanal intitulado Teriyaki Monday, em que cria os mais diversos projetos artísticos utilizando apenas o molho agridoce, um prato e um par de hashis. A expressão já resultou em retratos de Supla, Snoop Dogg, Nina Simone, entre outros artistas.

No entanto, de modo geral, Hirs toma como principal norte para seu trabalho o surrealismo, o dark e a estética das histórias em quadrinhos. Ele se vê fascinado pelo pintor Salvador Dalí, encontrando no meio de todo esse apanhado a sua identidade artística: uma mistura baseada numa sensualidade mais dark, com traços de quadrinhos.

“O que mais me inspira é o movimento, a anatomia e a subjetividade. Eu gosto de gerar perguntas, dúvidas, e deixar cada um com sua interpretação”, explica o artista sobre o próprio trabalho.

Fugindo de rotinas criativas ou rituais artísticos, Hirs descreve seu jeito de se expressar como “gostar de viver o momento” e, a partir dele, gerar insights que possam resultar em uma futura obra.

Arte com tudo, em todo o lugar

“Eu sempre usei tinta acrílica, óleo, lápis sépia, grafite, sanguíneo… mas as canetas POSCA me conquistaram”, revela Daskbeça. “De verdade. Acende tudo. Desde muito jovem sabia usar as misturas de cor, [mas] quando consegui aplicar com as canetas, foi outra técnica que deixou meus trabalhos mais ousados.”

Hirs revela que sempre se viu muito limitado diante de sua arte, fugindo do tradicional, como papéis e telas. “Quando conheci o graffiti, eu percebi que a arte realmente não tem limites, então entrei nessa vertente”, explica.

“O que eu espero quando as pessoas virem minha arte é um impacto que gera muitas perguntas”, provoca Hirs, explicando justamente sua necessidade de tirar o público de sua zona de conforto mental e reflexiva. “Apesar delas parecerem brutais e estranhas, existe um amor e uma sensibilidade enorme por trás. Nada violento — apenas uma mensagem de que todos nós somos iguais e sempre estamos tentando nos superar.”

Ele continua: “O resto? [risos] Não posso dizer.”

Quanto aos seus temas, Hirs revela que estes geralmente contemplam muita anatomia, animais, plantas e, para alguns, brutalidade. “Mas tudo com um intuito de superação”, pontua ele. “Todavia, faço encomendas com a escolha do cliente. Tanto em quadros, garrafas decorativas, pinturas em pranchas de surf dentre outras. Nessa parte, o cliente manda.”

Para conhecer mais o trampo do artista, acesse: instagram.com/daskhead/.