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Sobre tudo o que nos move
Uma das coisas mais mágicas da arte é a capacidade que ela tem de ressoar nas pessoas de maneiras diferentes. A partir do momento em que algo é colocado no mundo, isso tem o poder de conversar com as mais diversas vivências, expectativas e pensamentos mais particulares. Essa lógica é o que motiva Alex Almeida, artista paulistano apaixonado pela música, publicidade, moda e tudo o que faz a vida ser mais colorida.
Freelancer e independente há pouco mais de três anos, foi com ele que batemos um papo na última semana para conhecer um pouco mais sobre seu trampo, inspirações e tudo mais o que lhe motiva a deixar sua marca no mundo. Movido por impactar a vida das pessoas com sua arte, o resultado da conversa não poderia ter sido diferente: saímos fascinados e inspirados. Se liga:
Como seu rolê com a arte começou?
Acho que como a maioria da galera que trampa e gosta de arte, tenho recordações desde muito criança estar sempre desenhando e rabiscando tudo que via pela frente. Na adolescência, já fazia ilustrações pras coisas de escola, para os amigos, família, para as bandas que formava e sempre que podia estava envolvido com projetos que eu podia desenhar. Comecei a enxergar que dava pra viver disso quando entrei na faculdade de Publicidade e Propaganda e logo no início tive um professor que me ajudou muito a me encontrar ali na área de criação — que dava pra trabalhar com arte também no digital. Dali pra frente, fui cada vez mais atrás de fazer esse rolê da arte virar o meu sustento.
Desde essa época da faculdade, já comecei a pegar as primeiras encomendas e quando me formei, junto com um grande amigo também artista, tivemos um estúdio criativo — que acabou não dando certo, mas me fez aprender muito, tanto na parte da arte, quanto em como lidar com mercado, clientes e toda a parte que precisamos encarar quando não estamos focados apenas em criar.
Há mais de três anos, sou um artista independente, freelancer, trabalhando principalmente com artes para moda, publicidade e dentro do universo da música. Naturalmente consegui voltar a trabalhar também com a arte tradicional e não só a digital, muitos dos mesmos, começaram a me encomendar, telas, quadros e objetos de decoração com as minhas artes.
Você fez algum curso focado em ilustração?
Fiz alguns cursos online focados em ilustração digital, mas também focados nos fundamentos do desenho para conseguir aperfeiçoar a minha técnica. Porém, grande parte do meu aprendizado foi na tentativa e erro.
Como você escolhe os temas e motivos para suas ilustrações?
Gosto muito de transformar conceitos verbais em conceitos visuais, geralmente vêm de algo que estou vivendo, sentindo; ou que ouvi, li em algum lugar. Penso em frases, palavras, emoções, que representam aquilo e tento encontrar elementos visuais que representem e transmitam aquela mensagem.
Acredito que tudo que está ao meu redor pode se tornar um motivo para alguma arte.
Quais são as técnicas ou ferramentas que você mais curte usar?
Hoje umas das coisas que mais gosto de fazer é a pintura de telas e a minha
principal ferramenta são as canetas POSCA, que – sem querer puxar saco -, é a ferramenta perfeita para eu conseguir colocar o meu estilo estético ali. Consigo trabalhar muito bem. E também a ilustração digital que está muito presente no meu dia a dia.
Existem artistas ou movimentos artísticos que influenciam seu trabalho?
Com certeza, arte psicodélica é um dos movimentos clássicos que mais me influencia é o surrealismo; é movimento subversivo e que gosta de explorar muito a importância do subconsciente. Não posso deixar de citar desse movimento Salvador Dalí, como um artista que admiro e com certeza me influencia e também Tarsila Amaral. Outros artistas que com certeza me influenciam muito são Jim Philips, Drew Brophy, Jake Foreman, Alex Grey, Leandro Massai, Victor Deaf entre outros… Também tenho muita influência do universo da tatuagem, da música, do skate, do surf e da moda.
Como é o seu processo criativo?
Gosto de criar sempre com algum conceito por trás, seja simples ou complexo. Geralmente esse conceito é verbal, então organizo esses pensamentos em palavras, frases ou citações que estejam de acordo com ele e, a partir disso, começo a fazer uma ligação com elementos visuais que possam representar isso. Com essa ideia conceitual formada, gosto de esboçar bastante e com um esboço definido começo a trabalhar na arte final, inclusive postei um reels no meu instagram apresentando um pouco desse processo.
Quais são alguns dos desafios que você enfrenta ao criar ilustrações com uma abordagem mais provocativa?
Acho que a maior dificuldade é interna, é superar várias travas e bloqueios que colocamos para nós mesmos, tanto técnicos, por uma comparação, achar que não somos bons os suficientes para fazer X coisas e também os bloqueios que temos de explorar certas abordagens, por receios de uma falta de convicção sobre aquele tema e também por se importar muito com o que as pessoas vão pensar, principalmente no mundo atual, com essa busca incessante por aprovação, comentários e likes. Quando no fim, arte é sobre gerar alguma reação nas pessoas, seja qual for.
Qual é a mensagem central que você espera que as pessoas retirem de suas ilustrações, independentemente de sua estética?
Acho que a mágica da arte é que você pode criar algo e ter todo um conceito por trás, mas cada um vai ter uma interpretação diferente, baseada nas suas vivências, experiências e gostos e isso é mágico. Adoro ouvir qual a mensagem que a pessoa tirou de alguma arte minha e que muitas vezes é algo parecido com a mensagem que queria passar, mas às vezes totalmente ao contrário. E quando a pessoa me conta, eu entendo por que faz sentido aquela mensagem pra ela.
Então acho que a principal mensagem que eu espero é que a pessoa consiga se identificar e retirar alguma coisa positiva pra ela daquela arte, que algo ali converse com ela e possa trazer uma mensagem pra vida dela.
Para conhecer mais o trampo do artista, corre aqui: instagram.com/alxmd/.