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1 de março, 2024 ARTISTA EM DESTAQUE

Quero ser quando crescer

Desde criança, a Cimara sempre soube que ela seria desenhista e artista. Ela só não sabia que diferentes caminhos a levariam até a arte. Depois de passar por diferentes faculdades e de desenvolver uma carreira como bancária, ela finalmente se reconectou ao seu antigo sonho.

A artista desta edição é uma grande muralista brasiliense que tem muitos planos para o seu futuro artístico! Conheça mais sobre ela a seguir, no nosso bate-papo.

 

Quando e como começou a sua história com a arte?  

Desde que me entendo por gente! Aos 10 anos fiz uma redação de “O que você quer ser quando crescer” e foi sobre ser desenhista e artista. Minha mãe e irmãos possuem habilidades manuais — eu também —, mas o desenho, a pintura e o criar sempre me fascinaram e nunca parei!

Minha primeira faculdade foi de Design de Modas, mas só fiz um ano e pensei em alterar para Arquitetura, por ter mais oportunidade de trabalho. Acabei me formando em Administração de Empresas por conta de uma oportunidade de estágio em um banco multinacional, onde segui carreira por anos.

Continuava desenhando por hobby nas horas vagas. Em 2012 pintei meu primeiro quadro com tinta acrílica e eu amei! Em 2013, iniciei a faculdade de Design de Interiores. Fiz poucos projetos, mas sempre incluía quadros pintados por mim. Em 2017 tive meu primeiro cliente de encomenda de quadros personalizados, e foi aumentando a demanda — tanto para acrílica sobre tela, como retratos na aquarela e lápis de cor.

Até que, em 2021, surgiu uma demanda de um mural, ou seja, a primeira vez que fiz arte na parede. Já foi remunerado (pouco, mas foi)! E, a partir deste, a demanda só foi aumentando. Hoje, me considero uma artista plástica autodidata e multifacetada, pois nunca fiz cursos específicos, crio minhas próprias técnicas e faço artes variadas, seja de estilo, técnica, material e local.

 

Demos uma olhadinha no seu perfil e vimos que você é Designer de Interiores. Como isso influenciou na sua carreira como artista muralista?  

Fiz Design de Interiores pensando que seria mais rentável que de fato trabalhar com arte. Depois de uns meses fazendo murais, vi que isso pode ser diferente, e de quebra fazendo o que amo! Algumas matérias da faculdade, como história da arte, desenho, perspectiva e estudo das cores, me motivaram muito a voltar a sonhar em viver da arte e gostar ainda mais!

Descobrimos que, antes de ser Designer de Interiores, você foi bancária. De onde veio a coragem de recomeçar e seguir seus sonhos? 

Mesmo tendo o sonho de trabalhar com criação e arte, acabei deixando esse sonho de lado para ter logo uma independência financeira. Foram 10 anos sendo bancária e servidora pública, mas nunca deixei o desenho de lado, sempre fazia retratos e caricaturas dos meus colegas de trabalho.

Em um treinamento, em São Paulo, conheci pessoas do Brasil todo, e quando alguns souberam do meu dom e sonho, me disseram: “Cimara, o que você está fazendo aqui? Eu sou bancário(a) porque não tenho dom, nunca soube o que queria ser… Mas você sabe. Vai fazer o que você sabe fazer e ama!”. Isso ficou muito na minha cabeça.

Frustrada com uma carreira estressante e cheia de metas inalcançáveis, fiquei só mais um ano, joguei para o alto e fui fazer Design de Interiores. Entre um projeto e outro, que eram poucos, pintava quadros para alguns clientes, até que a demanda de mural veio naturalmente. Hoje, meu trabalho é composto por 90% de mural e 10% de quadros.

 

Qual foi o mural que você mais se orgulhou de ter feito? 

Essa pergunta é bem difícil de responder, pois tem muitos [murais] com desafios e conquistas diferentes. Mas vou citar o que fiz solidariamente: pela minha página do Instagram, divulguei para que lugares que tivessem interesse, mas não tivessem condições de pagar, se inscrevessem no meu concurso. Com a ajuda dos meus seguidores, fiz uma votação para escolher um vencedor. Ganhou um abrigo de animais abandonados, onde fiz um mural externo para incentivar a adoção de animais. Ficou lindo e foi muito gratificante.

Como funciona o processo de criação dos murais para cada um de seus clientes? 

Pelo orçamento, já colho muitas informações com o cliente sobre a arte, pois o valor, além do m2 e o acesso à parede, depende da complexidade da arte (quantidade de detalhes, cores, preenchimento, técnicas). O orçamento sendo aprovado, faço um briefing mais detalhado com o cliente para definir com mais clareza o tipo de arte.

Faço o projeto digital com meu iPad Air e a Apple Pencil e elaboro alguns rascunhos. Quando o cliente não define muito o que quer, gosto de apresentar umas 3 opções diferentes. Caso já aprove um, eu aperfeiçoo e monto na foto da parede para ter uma melhor noção de como vai ficar. Caso não aprove, digo que posso fazer até 3 alterações — mas sempre acabo fazendo mais, para os indecisos (risos), até alcançar a expectativa.

Tem alguns meses que investi em um projetor para passar a arte digital para a parede com mais agilidade, mas durante uns 2 anos, e ainda às vezes, amplio na mão livre, no olhômetro mesmo. Rascunho com giz ou lápis aquarelável, pinto com tinta de parede mesmo, a maioria com os tons criados, por mim, com corantes. Em projetos maiores, compro a cor pronta. Quando tem traços e contornos, finalizo com a caneta Posca.

 

Qual conselho você daria para quem quer iniciar a carreira como muralista? 

1. Estudar e pesquisar é importante, mas o principal é treinar! Treine na sua parede, na parede do parente, amigo…

2. No início, vale cobrar mais barato (seus custos + valor de iniciante), até ter um portfólio e experiência. Depois disso, não tenha medo de cobrar um valor maior. Se valorize, valorize nossa classe!

3. Não se compare com outros artistas. Cada talento é único e tem espaço para todos!

4. Além de artista, tem que saber lidar com pessoas, atendimento, prospecção. Aproveite as redes sociais para isso! Tenha paciência para editar e postar suas artes.

 

Como as canetas POSCA te auxiliam nos seus murais?  

Auxiliam muito, não é pouco! Para um contorno e traço mais preciso e reto, só com a caneta, principalmente com a PC-7m (minha favorita), que tem o bico grosso e macio. Muitos clientes, quando me veem finalizando com ela, me dizem: “que mão firme”. E eu respondo: “a caneta que é boa, ela induz fazer um traço sem tremer”. E não só em murais, uso muito nos quadros com tinta acrílica sobre tela. Para assinar a arte, a Posca não pode faltar.

Quais são seus planos para os seus trampos no futuro?

Prospecção: já pintei em outros estados na minha região (centro-oeste), mas quero  expandir mais para outras cidades e regiões. Quero prospectar mais grandes empresas, e, dependendo, fechar uma boa collab.

Arte solidária: fiz um mural e já pintei uma vaga especial para autistas, mas quero fazer mais, principalmente para crianças carentes.

Ter um assistente: como sou só eu para tudo (atendimento, orçamento, projeto, execução, rede social), sinto falta de uma ajuda. Já tive um assistente em um projeto e foi muito bom. Quero procurar alguém com habilidades e disponibilidade.

Para conhecer ainda mais o trabalho de Cimara, acesse as suas redes sociais: @cimarart.